Texto original em http://www.curtoecurioso.com/2015/04/voce-conhece-os-seus-deuses-esquecida.html
A esquecida mitologia brasileira
Jeová, Thor, Zeus, Hórus, Júpiter... Você
provavelmente já ouviu falar em todos eles. Mas alguma vez na vida você já
parou pra pensar sobre os deuses das culturas nativas do Brasil? Ao que parece,
nossa herança cultural nativa é sempre sub-julgada pelas culturas
estrangeiras... Agora você terá a chance de conhecer um pouco da rica cultura
dos nativos brasileiros, e de algumas das mais importantes divindades: os deuses
dos índios do Brasil.
Nhanderuvuçu: Conhecido
também como Nhamandú, Yamandú ou Nhandejara, é considerado como o deus supremo
da mitologia tupi-guarani. Nhanderuvuçu não tem uma forma antropomórfica, pois
é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto
Nhanderuvuçú existe antes mesmo de existir o Universo. No princípio ele
destruiu tudo que existia e depois criou a alma, que na língua tupi-guarani se
chama "Anhang" ou "añã"; "gwea" significa
velho(a); portanto anhangüera "añã'gwea" significa alma antiga.
Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu
"anhandeci" a matéria. Depois ele desejou lagos, neblina, cerração e
rios. Para tudo isso, ele criou Iara, a deusa dos lagos. Depois criou Tupã que
é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios,
trovões, relâmpagos, ventos e tempestades, é Tupã quem empurra as nuvens pelo
céu. Nhanderuvuçú criou também Caaporã (Caipora) o protetor das matas por si só
nascidas, e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios,
nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos. Iara Deusa das águas, também conhecida
como Uiara, ela é vista como uma linda sereia que vive nas profundezas do rio
Amazonas, de pele parda, cabelos verdes longos e olhos castanhos. Abaçai: É o deus da
guerra, um tipo de 'Áries' ou 'Marte' dos nativos. É o espírito guerreiro que
se apossa do índio que se prepara para batalhas sangrentas. Por isso, dizem que
aqueles preparados para a guera estão "abaçaiados". Angra: A deusa do fogo da mitologia
tupi-guarani. Andurá: Uma
árvore fantástica e surreal, que a noite se inflama subitamente, se parecendo
bastante com a forma através da qual o deus judaico-cristão se comunica com
seus profetas. Chandoré: Deus da mitologia tupi-guarani. Segundo a lenda, teria sido
enviado para matar o índio malvado Pirarucu, que desafiou Tupã, mas fracassou,
pois Pirarucu se jogou no rio. Como castigo o índio transformou-se em um peixe,
que leva o seu nome. Sumé: Também conhecido como Zumé, Pay Sumé ou Tumé, entre outros
nomes, é a denominação de uma antiga entidade da mitologia dos povos tupis do
Brasil cuja descrição variava de tribo para tribo. Tal entidade teria estado
entre os índios antes da chegada dos portugueses, e transmitido uma série de
conhecimentos como a agricultura, fogo e organização social, e seria uma
espécie de deus das leis e das regras. Era visto com cabelos amarelos, voava
por todo lugar, e inclusive mergulhava sob as águas do mar, até quando
desapareceu. Sumé deixou dois filhos, Tamandaré e Ariconte, que eram muito
diferentes e odiavam um o outro. Rudá:
O deus do amor, que vive nas nuvens. Seu trabalho é o de despertar o amor no
coração das mulheres. Equivalente a deusa Hathor da mitologia egípcia, Vênus da
mitologia romana, e Afrodite da grega. Tupã: Seria um tipo de líder na
mitologia tupinambá, senhor dos trovões e tempestades. Em analogia simples,
poderia ser comparado ao deus grego Zeus, ou mesmo ao deus nórdico Thor, pois
ele compartilha a mesma explicação comum nos deuses dos povos antigos para os
relâmpagos. Tupã também tem a característica da onipresença, que é muito comum
nas religiões cristãs, judaica e islâmica. Os jesuítas, na época da
colonização, difundiram uma opinião errônea de que o trovão em sí seria um deus
indígena, sendo que na verdade, ele é apenas a maneira utilizada por Tupã para
se expressar. Jaci: A
deusa da Lua e da Noite seria responsável pela magia e encanto dos homens.
Teria sido criada por Tupã para dar beleza à Terra. Irmã de Iara (deusa dos
lagos serenos), Jaci tornou-se esposa do próprio Tupã. Outras versões da
mitologia indígena dizem que Jaci seria esposa e/ou irmã Guaraci, o deus Sol.
Jaci é equivalente a Vishnu dos hindus e Ísis dos egípcios. Guaraci (ou Quaraci): Guaraci é a
representação do deus Sol, responsável pela luz, vida e pureza do planeta guerra,
assim como Brahma (hinduísmo) e Osíris (egípcio). Yorixiriamori: Esse deus encantava as mulheres com seu belo canto,
o que despertou a inveja dos homens que tentaram matá-lo. Por isso, ele fugiu
para o céu sob a forma de um pássaro. É um personagem do famoso mito "A
árvore cantante", dos índios Ianomâmis. Anhangá: Os jesuítas propagaram a imagem errônea de que Anhangá
seria o equivalente ao Diabo da religião Cristã, porém, Anhangá (que significa
espírito) seriam almas que vagam pela Terra, que podia assumir qualquer forma,
mas que seria mais visto como um veado com olhos de fogo. Além disso, Anhangá
seria o protetor dos animais, protegendo-os contra caçadores. Quando um animal
consegue escapar miraculosamente durante uma caça, os índios atribuem tal
façanha a Anhangá. Jurupari: Filho da índia Ceuci, que após comer um fruto proibido
para moças no período fértil (fruta mapati), ficou grávida miraculosamente,
após o suco da fruta escorrer pelo seu corpo nu. Quando o conselho de anciãos
soube da história de Ceuci, ela foi punida com exílio, onde teve seu filho,
chamado Jurupari, enviado do deus Sol Guaraci, que teria como missão reformular
os costumes e o modo de vida dos homens, que eram submetidos às mulheres. Visto
como o grande Legislador, com 7 dias de vida já aparentava 10 anos de idade, e
sua sabedoria atraiu as pessoas que ouviam seus ensinamentos enviados pelo deus
Sol. Por sua vez, a história contada pelos jesuítas atribui Jurupari a uma
espécie de demônio que visita os sonhos das pessoas, dando origem aos
pesadelos, pois o ritual de Jurupari era o mais praticado na época da
colonização. O ritual exclusivo para homens, inclui músicas com flautas,
flagelações, tabaco e coca e alucinógenos.
Ceuci: Deusa da lavoura e das
moradias, representada pela estrela mais brilhante da constelação de Plêiades.
Quando na Terra, era mãe de Jurupari, o enviado do Sol/Guaraci, se submeteu ao novo
método patriarcal das tribos. As mulheres não podiam participar dos rituais de
Jurupari, pois os deuses matariam a intrusa. Certa vez, Ceuci com saudade de
seu filho, aproximou-se dele durante um cerimonial, e foi quando ela foi
atingida por um raio, enviado por Tupã. Jurupari, também filho do Sol, foi
enviado para ressuscitá-la, mas não o fez para não desobedecer a lei dos
deuses. Ele a acalmou dizendo que iria brilhar no céu, e encontrar o deus
Guaraci, e nesse momento, Jurupari chorou. Por isso, quando faz Sol e chuva ao
mesmo tempo, os índios dizem que o espírito de Jurupari está por perto. Akuanduba:
Uma divindade dos índios araras, toca a sua flauta para dar sustentação e ordem
ao mundo, representando a harmonia divina. Wanadi:
Uma divindade dos índios araras, toca a sua flauta para dar sustentação e ordem
ao mundo, representando a harmonia divina.